terça-feira, 15 de maio de 2012

Sobre gavetas fechadas, tomagotchis e velhos amigos.
Fui procurar por uma coisa qualquer em uma gaveta velha, dessas que se deixa fechada por tanto tempo que acaba por se esquecer o que tem dentro. Qual foi a minha surpresa quando achei um tomagotchi lá dentro, esquecido há muitos anos.
Continuava com a mesma cor vermelha por fora, exatamente como eu me lembrava que era e com um certo cheiro de infância.


Fui ver se ele estava vivo, se as baterias funcionavam ainda e para minha surpresa além de vivo tinha evoluído, agora era casado, a esposa era uma dinossaurinha rosa de uma espécie diferente da dele - talvez fosse de outro fabricante - tinha agora três filhos, duas fêmeas e um macho, já está no primeiro neto e aposentado resolveu comprar uma casa na praia, vida tranquila, agua e areia, como sempre quis, como todos os dinossauros fictícios geralmente querem.

Estava acima de tudo feliz.

É estranho ver como as coisas, todas elas, inevitavelmente mudam com o tempo, pessoas crescem e viram outras completamente diferentes do que você imaginava que seriam, do que elas mesmas imaginavam que seriam. Algumas se casam, tem filhos, trocam os gostos musicais, entram para alguma religião qualquer, fazem ou não fazem faculdade, desistem de viajar o mundo, ter um filho, escrever um livro ou plantar uma arvore...
Mas acima de todas essas coisas, todas as lembranças permanecem e a saudade insiste em aumentar e parece às vezes não caber mais no peito.